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20 de dez. de 2010

Bandido vs Mocinho

Uma lógica reinou durante a era do faroeste no cinema, a de que o mocinho sempre ganhava no final; o bem sobrepujando o mal era o final de sangue esperado. Raros foram os filmes em que nesta disputa direta pela conquista do território, do dinheiro e do amor o mocinho se rendeu. Naqueles em que isto ocorreu, o roteiro foi marcante, o público gostou, a crítica elogiou, apesar de não terem sidos politicamente corretos. Guarda este The End, anos mais tarde ele será usado frequentemente. Mas trocando os cavalos pelos carros, o que se vê hoje no cinema estadunidense é uma lógica inversa, diversos roteiros exploram a conquista do dinheiro e da felicidade pela ótica do bandido. Você pode fazer um rápido exercício de memória e me ajudar em alguns títulos, mas ficarei num exemplo e uma comparação. O filme The Town (br: Atração Perigosa), direção de Ben Affleck, não apresenta meio termo, ou a vida vale muito ou não vale nada. Você convive com o bandido o tempo inteiro, entende seu ambiente e suas dificuldades; as atitudes são pensadas, as escolhas elaboradas e, ao final, você aceita o "sucesso" do bandido. Isto não é arte, é entretenimento. Já no filme luso-brasileiro Terra estrangeira, dirigido por Walter Salles e co-dirigido por Daniela Thomas, você convive com o conflito existencial do mocinho; não há ambiente, só dificuldades que exigem atitudes rápidas e escolhas certas e, o melhor de tudo, a vida tem valor. Isto não é entretenimento, é arte. E, os dois, são cinema.

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